Header Ads

Cultura Pop A Rigor na Colab55

Review - Kamen Rider (1971)

Em 1991 estreava na saudosa Sessão Super-Heróis da extinta Rede Manchete a série japonesa Blackman (risos), que trazia as aventuras de Black Kamen Rider, o homem mutante. O visual do novo herói chamava a atenção, diferenciando-o dos protagonistas das outras séries exibidas naquele momento, assim como o clima sombrio dos episódios (pelo menos os primeiros). Alguns anos depois fiquei sabendo que Kamen Rider Black (1987) não era o único gafanhoto motoqueiro que lutava contra o mal. No Japão já tinha pelo menos uns 10 antes dele. 



Kamen Rider, o primeirão, foi criado pelo falecido mangaká Shotaro Ishinomori e lançado em 1971 pela Toei Company. Fez um grande sucesso e durou longos 98 episódios, iniciando uma franquia que, embora tenha tido altos e baixos nos anos 80 e 90, perdura até hoje.

Takeshi Hongo, o protagonista, é um estudante universitário de ciências e piloto de motociclismo nas horas vagas. Durante uma sessão de pilotagem, ele é sequestrado pela misteriosa organização Shocker, que quer transformá-lo em um ciborgue. Eles quase conseguem seu intento, mas Hongo consegue escapar antes que apaguem sua memória. Transformando-se em um homem gafanhoto com cachecol, Hongo adota o nome Kamen Rider e passa a usar os poderes adquiridos para combater seus criadores.

Esse início de série é soturno, com um Hongo bem melancólico. O primeiro episódio de Kamen Rider Black é claramente um remake desse aqui. Esse clima segue até o episódio 13 quando um acidente nos bastidores muda os rumos da produção. Hiroshi Fujioka, interprete de Hongo, sofre uma queda de moto e machuca bastante a perna. Os produtores resolvem então substitui-lo temporariamente por um novo Rider. 



Temos então um novo personagem, o fotógrafo Hayato Ichimonji (interpretado por Takeshi Sasaki) que também é raptado e transformado em um ciborgue igualzinho a Hongo. Claro que ele também não tem a memória apagada e também se volta contra a Shocker. É quando a série muda completamente o tom, deixando o clima sombrio de lado, embora ainda haja alguma violência exagerada de vez em quando, comum nas produções setentistas. Com Hiroshi recuperado, Hongo volta fazendo algumas participações em episódios esporádicos até pegar o protagonismo de volta no episódio 53. Agora é Hayato que sai da série para voltar mais tarde com participações em episódios aleatórios e nos confrontos finais com a Shocker. Aquele clima pessimista dos primeiros episódios nunca retornou, mas parece que isso foi um acerto da Toei pois o sucesso foi grande e Kamen Rider ficou 2 longos anos no ar.


Foi bem cansativo acompanhar os 98 episódios de Kamen Rider. Ao contrário das séries dos anos 80 não temos um grande plot amarrando os episódios. E eles são repetitivos demais, quase sempre com a Shocker testando algum tipo de gás em seres humanos, fazendo referência ao nazismo. Outras séries da época como Ultraman, Spectreman e Lion Man ousavam mais nos roteiros. A ação também não é de encher os olhos com algumas pancadarias remetendo mais aos programas dos trapalhões do que um seriado de super-herói. Kamen Rider também comete alguns erros bobos como lançar uma inovação como os Shocker Riders (versões malignas do herói), que podia sacudir o seriado, e eliminá-los antes do final, que é nada empolgante. O que segura mesmo é o carisma dos protagonistas e os valores de produção da Toei na época, que garantem algum humor involuntário.



O episódio 84 é o meu favorito de longe. Ele foge um pouco do esquema dos demais e tem uma direção mais ousada, para o bem e o mal, algo que fica entre...hã... David Lynch e Terrence Mallick, risos. Tem uma cena com uma bonequinha, sem uma das pernas, jogada na praia que foi a segunda tentativa do audiovisual me matar (a primeira foi em Plano 9 do Espaço Sideral). Kamen Rider gerou uma franquia de sucesso com séries melhores que a original e merece ser vista, nem que seja por mera curiosidade, por fãs de tokusatsu. Se não tiver paciência com a repetição de ideias pode ver qualquer episódio aleatório que não faz diferença. 

VEJA o 84. Recomendo fortemente. 



Depois de ver o que Hideaki Anno fez nos maravilhosos Shin Godzilla e Shin Ultraman (cujos originais já são bem trabalhados), estou aguardando ansiosamente pelo que ele vai fazer em Shin Kamen Rider. 


Com certeza vai explorar o potencial que a produção original nem arranhou

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.