Review - O Lobo de Wall Street (2013)
O Lobo de Wall Street
The Wolf of Wall Street Direção: Martin ScorseseElenco: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Kyle Chandler, Matthew McConaughey, Jean Dujardin e Jon FavreauEUA, 2013
Depois do Scorsesinho PG-13, é muito bom assistir a um legitimo Scorsese. O Lobo de Wall Street é baseado na autobiografia do corretor da bolsa de valores, Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), mostrando a trajetória do homem que construiu seu sucesso e fortuna, através de esquemas de manipulação, nem sempre legais, persuadindo e enganando os ambiciosos (porém ingênuos), mas acabou afundando em excessos.
Belfort é um vendedor de Long Island, que arranja um emprego na empresa de investimentos L.F. Rothschild, mas é demitido depois da Segunda-Feira Negra, como é conhecido o dia 19 de Outubro de 1987, quando várias bolsas pelo mundo ficaram em queda. Mais tarde, vai trabalhar para a Investors Center, uma empresa de ações de baixo valor, corretora da “bolsa de centavos”, é lá que Belfort tem a ideia de montar uma empresa focada neste tipo de negócio, cujas vendas são de valores mais baixos mas, em compensação, o retorno para o corretor pode ser mais vantajoso. Em pouco tempo, já era dono da Stratton Oakmont, que transformou numa das maiores corretoras do mercado de bolsas secundário dos Estados Unidos. Na mesma medida em que enriquecia, Belfort consumia todo o tipo de drogas, juntamente com seus parceiros de empresa, e também de prostitutas.
Depois de percorrer outros caminhos, Scorcese retoma um estilo narrativo muito comum em seus filmes, como Os Bons Companheiros e Cassino, com narrativas em off, cheia de ironias, que não sevem só para explicar a cena ao espectador, mas para comentar os acontecimentos, em tom de uma conversa casual ou revelar o que os personagens realmente estão pensando.
Leonado DiCaprio comanda o filme, em uma atuação realmente impressionante, na pele de um protagonista carismático e ao mesmo tempo repulsivo. Mas também há espaço para Jonah Hill, o melhor amigo Donnie, mostrar seu talento. Aliás, antes de assistir ao filme, li algumas criticas à indicação de Hill ao Oscar de ator coadjuvante. Entretanto, a indicação é justa, a composição do personagem é sim complexa, equilibrando humor, ambição e arrogância
O filme também está cheio de participações especiais. Os diretores Spike Jonze, Jon Favreau e Rob Reiner (hilário como o pai temperamental de Jordan) fazem pequenas aparições, assim como o francês Jean Dujardim, vencedor do Oscar de melhor ator por O Artista, e Matthew McConaughey, a participação mais inspirada. McConaughey que, aliás, é concorrente de DiCaprio na categoria de Melhor Ator, por sua atuação em Clube de Compras Dallas.
O Lobo de Wall Street se passa em um ambiente em que o consumo de drogas é natural e as mulheres são objetos descartáveis. Para esmiuçar esse universo, o filme traz muitas cenas com sexo e drogas. Por conta disso, há uma certa polemica em torno do longa e há quem diga que Scorcese glamouriza esses comportamentos. Não é bem assim. Essas cenas tem uma função muito especifica na trama: revelar ao espectador o total descontrole desses personagens.
Belfort é inconsequente, não senti culpa por nada e é incapaz de pedir desculpas sinceras por seus atos. Assim ele é mostrado, mas não há glamourização de suas atitudes, muito pelo contrário. Na verdade, sutilmente, sem recorrer a discursos politicamente corretos, reprovando as atitudes do protagonista, Scorsese mostra exatamente o quanto Belfort é uma figura desprezível e patética, apesar de todo o seu dinheiro e autoconfiança. Onde está o glamour em um homem rastejando pelo chão, sob efeito de drogas? Ou no homem que, quando sua mulher lhe informa que o deixará precisa usar drogas, antes de tomar qualquer atitude?
Dessa forma, O Lobo de Wall Street se mostra uma eficaz sátira não só ao universo das bolsas de valores, mas a ganância em geral.
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