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Cultura Pop A Rigor na Colab55

Review - Uma Noite em Haifa (2020)

Uma Noite em Haifa

Laila in Haifa
Direção: Amos Gitai
Elenco: Maria Zreik, Khawla Ibraheem, Naama Preis, Bahira Ablassi, Tsahi Halevi, Hana Laslo e Makram Khoury
Israel, França - 2020


Parte da seleção oficial do Festival de Cinema de Veneza em 2020, Uma Noite em Haifa, dirigido por Amos Gitai, chegou tardiamente em cartaz no Brasil, em 10 de agosto, com distribuição de Synapse Distribution. 

Passado em uma única noite em uma boate/galeria de arte, o filme destaca os dilemas de figuras femininas em um mundo masculino, cheio de violência e ódio enraizado, ao mesmo tempo que traça um panorama da cosmopolita Haifa, cidade considerada símbolo da coexistência pacífica entre israelenses e palestinos, onde se localiza o cenário do filme, que reúne artistas, ricaços, militantes e drag queens. 


Entre os personagens, temos Laila, responsável pela galeria, uma jovem cheia de ambições, mas que é tolhida pelo marido, um homem bem mais velho, que a subestima, e o amante, um fotógrafo que não se agrada da atenção dada a suas obras ou das convenções sociais; Naama é uma mulher com o casamento em crise; Bahira vem sendo pressionada pelo companheiro a ter filhos; Hana ali está para conhecer pessoalmente um homem com o qual vem conversando pela internet; enquanto a misteriosa Khawla antagoniza os israelenses ricos no local. 

Embora tenha essas histórias centrais, que nós acompanhamos ao longo da noite, a protagonista de Uma Noite em Haifa é mesmo a cidade, especialmente o antigo prédio na qual se ergue essa boate que sintetiza Israel. Através das histórias que ali se desenrolam, são reveladas pequenas amostras da diversidade de pessoas que habitam essa comunidade, bem como as tensões que ali residem.


É como se esse ambiente fosse uma bolha de proteção, onde os personagens se sentem confortáveis para desabafar ou proferir suas opiniões mais controversas. A cena inicial simboliza isso, quando o fotógrafo é agredido próximo ao local, sendo auxiliado por Laila, que o leva até o estabelecimento. 

O diretor opta por manter uma abordagem distanciada, como alguém que vai passando pelos cômodos do prédio, casualmente, captando uma conversa aqui, outra ali. Histórias e tensões sem uma resolução, que formam um mosaico que funciona como um olhar sobre o local, em vez de sobre os indivíduos. 


Dessa forma, as interações entre os personagens e os cruzamentos entre suas histórias movem o filme. Todavia, ao buscar refletir temas complexos como política, arte, o conflito Israel e Palestina, machismo, etc, o filme o faz através dessas interações, onde os personagens, entre drinks, lançam comentários sobre essas temáticas. Esses diálogos contrastam com o tom casual da atmosfera do filme, pois são cheios de frases de efeito, artificiais e  superficiais, limitados demais para construir a provocação/reflexão política que o filme parece querer ser.  


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