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Cultura Pop A Rigor na Colab55

Review - Crimes do Futuro (2022)

Crimes do Futuro

Crimes of the Future
Direção: David Cronenberg
Elenco: Viggo Mortensen, Léa Seydoux, Kristen Stewart, Scott Speedman, Welket Bungué e Don McKellar
Canadá, Grécia, França, Reino Unido, 2022

Crimes of the future poster

Oito anos depois de seu último filme, Mapa para as Estrelas, David Cronenberg retorna a cadeira de diretor com Crimes do Futuro. O cineasta também volta ao body horror, embora, na real mesmo, ele nunca tenha abandonado completamente essa temática. O corpo é sempre parte importante de suas narrativas.

Em Crimes do Futuro, Viggo Mortensen, parceiro de Cronenberg em outros 3 filmes (Marcas da Violência, Senhores do Crime e Um Método Perigoso), vive o artista Saul Tenser. Juntamente com Caprice (Léa Seydoux), ele performa a extração cirúrgica de novos órgãos que surgem no corpo dele. Esses órgãos surgem do nada e não parecem apresentar nenhuma função. 

filme Crimes do Futuro

A dupla precisa lidar com os burocratas Wippet (Don McKellar) e Timlin (Kristen Stewart), que fazem o registro de novos órgãos e são meio que groupies dos artistas, além do detetive Cope (Welket Bungué), que investiga um grupo que defende que o desenvolvimento de novos órgãos é um passo evolutivo da humanidade e, portanto, essas mudanças devem ser abraçadas com orgulho.

O filme se passa em um futuro não especificado, em que orgânico e inorgânico se mesclam, onde até as camas têm interfaces digitais. Nesse futuro, cirurgias são uma febre e também um vício, chegando ao ponto de serem realizadas nas ruas, em becos. Porém, ao contrário do que, em geral, ocorre hoje, essas cirurgias não são para se encaixar em um determinado padrão de beleza, mas uma forma de se expressar. Como se, ao cortar algo, ou acrescentar, fosse mais fácil externalizar quem você é.  

Saul e Caprice são estrelas nesse universo. Suas cirurgias são arte de vanguarda e fazem paralelo com o sexo, dor e prazer. Como questiona Timlin em certo momento: “A cirurgia é o novo sexo?”

Crítica Crimes do futuro

Apesar do plot bizarro, o filme é muito mais um comentário social, do que algo produzido para chocar. É interessante notar como o foco da narrativa está em como o elenco encena essa história, seja o ar distante de Seydoux, a linguagem corporal de Mortensen, como alguém em dor constante, sempre tenso, encostando-se em algo ou agachado, ou os trejeitos nervosos de Stewart, tudo isso é mais importante do que a estranheza da trama. As esquisitices aparecem de forma pontual. Uma das formas de destacar o trabalho do elenco é através dos cenários, quase todos de aparência deteriorada ou quase que completamente esvaziados.

Crimes do Futuro  resenha

Através de Saul e Caprice, Cronenberg também comenta o papel do artista nas mudanças no mundo e ironiza a superficialidade de muitos apreciadores de arte por aí, tema recorrente em sua carreira. E, talvez, o mais assustador não seja realmente os novos órgãos humanos, as intervenções cirúrgicas, nem mesmo as pessoas que se alimentam de plástico, mas como a necessidade de se classificar tudo e atribuir um significado profundo. 


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