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Cultura Pop A Rigor na Colab55

Review: Birdman (Ou a Inesperada Virtude da Ignorância) (2014)

Birdman (Ou a Inesperada Virtude da Ignorância )

Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)
Direção: Alejandro González Iñárritu
Elenco: Michael Keaton, Emma Stone, Edward Norton, Naomi Watts, Zach Galifianakis, Andrea Riseborough, Amy Ryan e Lindsay Duncan
EUA 2014


Dirigido por Alejandro González Iñárritu, Birdman acompanha os preparativos para a estreia de uma peça na Brodway. Riggan Thomson (Michael Keaton) é o diretor, um ex-astro de Hollywood, que ganhou fama ao interpretar o super-herói Birdman. Ao abandonar o personagem, em 1992 (mesmo ano que Keaton interpretou o Batman pela ultima vez), sua carreira entrou em declínio. Agora, ele busca reconhecimento, escrevendo, atuando e dirigindo na peça adaptada de um conto de Raymond Carver.

Durante os ensaios e prévias, surgem vários problemas: um dos atores se acidenta e precisa ser substituído pelo talentoso, porém egocêntrico Mike Shiner (Edward Norton); a filha de Riggan, Sam (Emma Stone) está se recuperando da dependência química, mas, cada vez mais distante do pai, parece a ponto de ter uma recaída; sua namorada e colega de elenco, Laura (Andrea Riseborough) pode estar grávida; por fim, Riggan é atormentado pela voz do Birdman, que relembra a glória passada e ridiculariza o momento atual do ator.


Desde a escolha do elenco, que trás um ex-Batman, um ex-Hulk e a Gwen Stacy, até as várias citações a atores que vivem ou viveram super-heróis (George Clooney, Michael Fassbender, Jeremy Renner e etc), o filme mostra, através dessa metalinguagem, o conflito entre passado e presente de Riggon: o fato de não querer mais ser conhecido apenas como o Birdman e, ao mesmo tempo, a frustração de não conseguir repetir o sucesso alcançado com o personagem.

Birdman também acaba sendo uma critica às várias esferas do cinema. Uma crítica ao grande publico, que consome blockbusters, comparados à moscas ao redor da bosta. Crítica também os críticos, quando a responsável pelas criticas teatrais do Times (Lindsay Duncan) nem mesmo havia assistido à peça, mas garante que a arruinará, simplesmente porque não gosta de Riggan, por seu passado de astro de filme de super-herói.


Criticas também aos atores e atrizes, que buscam ser o centro das atenções. Shiner é egoísta, não está interessado na opinião dos outros atores, nem mesmo do publico, tratando a todos com arrogância e desprezo; Naomi Watts interpreta outra componente do elenco da peça, e é o extremo oposto de Shiner, totalmente insegura, depende dos elogios dos outros, para acreditar em seu próprio talento.

Riggan, também é um personagem inseguro, com medo da crítica e da reação do publico. Prova disso é seu relacionamento com Shiner e maneira como se sente ameaçado por este, que já chega aos ensaios criticando o texto e propondo mudanças.  Entretanto, Riggan também é egocêntrico, tanto que sua frustração é visível, quando percebe que alguém (a sua filha, por exemplo) não enxerga a sua grandiosidade. Grandiosidade que aparece na voz de Birdman, que afirma que ele pode tudo e quando, em sua mente, move objetos e pode voar. Delírios contrapostos pela visão dos outros personagens, como quando Riggan chega "voando" ao teatro, mas, em seguida, a realidade aparece como o taxista que vai atrás dele, reclamando que não foi pago, o que reforça o ridículo do personagem.


O elenco é uma das grandes forças de Birdman, cada um possui seu espaço e, pelo menos, uma cena para se destacar. Norton está irritante e engraçado como Shiner, que lhe valeu uma indicação ao Oscar de ator coadjuvante; Emma Stone, desglamourizada, com cabelos desgrenhados e roupas mal ajustadas, vive Sam, com intensidade, seja nos momentos de agressividade, seja quando demonstra a fragilidade da jovem, que queria que o pai fosse mais presente; Naomi Watts também brilha nas poucas cenas em que aparece, assim como Zach Galifianakis, divertido, como o desesperado produtor da peça, que tenta impedir o fracasso de qualquer maneira.


Mas, como não poderia deixar de ser, o filme é de Michael Keaton, em interpretação corajosa, por diversas razões. Corajosa, porque é impossível não fazer um link entre a ficção e a vida real, já que Keaton também não conseguiu fazer nada de muito relevante, depois de viver o Batman no cinema. Corajosa também porque Keaton e  Iñárritu utilizam o próprio envelhecimento do primeiro, a calvicie, closes nas rugas e etc, para dar vida a Riggan, em seu caminho rumo à autodestruição.

Por fim, é preciso destacar a montagem interessante, feita como se o filme tivesse sido realizado continuamente, sem cortes, e a trilha sonora, que marca as cenas com o som de bateria de Jazz.


#SPOILERS#


Não costumo comentar final de filme, mas como este cabe uma dupla interpretação, creio que é válido. Seguindo o viés de todo o filme, em que seus poderes especiais são apenas fruto de sua imaginação, podemos acreditar que Riggan cometeu suicídio. Entretanto, talvez você prefira a explicação fantástica e Riggan tenha mesmo voado, o que explica a expressão de admiração de Sam, ao olhar para o alto. De qualquer forma, literalmente ou metaforicamente, Riggan torna-se Birdman (as ataduras e, depois, os hematomas em seu nariz, deixam seu rosto semelhante à máscara do herói, para enfatizar essa ideia)  e consegue (com sua morte ou seu voo) o respeito e admiração que perseguia, representados pelo olhar de Sam.


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DRI TINOCO

Apaixonada por música, cinema e gatinhos. 

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