Header Ads

Cultura Pop A Rigor na Colab55

Review – Garota Exemplar (2014)

Garota Exemplar

Gone Girl
Direção: David Fincher
Elenco: Rosamund Pike, Ben Affleck, Carrie Coon, Neil Patrick Harris,  Kim Dickens e Tyler Perry
EUA, 2014


Lembrado pela academia do Oscar apenas na categoria de Melhor Atriz, Garota Exemplar poderia estar entre os indicados a Melhor Filme, pois, embora não seja o melhor trabalho de David Fincher, ainda é muito superior aos medíocres A Teoria de Tudo e O Jogo da Imitação e ao decepcionante American Sniper

Escrito por Gillian Flynn a partir de seu próprio romance, a adaptação dirigida por Fincher acompanha o casal Amy e Nick. Amy (Rosamund Pike) é uma rica e sofisticada filha de escritores, cujo maior sucesso é uma série de livros infanto-juvenis, inspirada na infância da própria Amy. Já Nick (Ben Affleck) é um escritor fracassado.



Logo na cena de abertura, Nick aparece acariciando os cabelos de sua esposa, mas, na narrativa em off, ele explica que gostaria de partir o crânio da mesma, para conseguir entender o que se passa na cabeça dela. Depois, vemos  Nick no bar de propriedade sua e de sua irmã, Margo (Carrie Coon), em uma conversa que já dá a entender que seu casamento não vai nada bem. Esse dia é o dia do aniversário de casamento de Nick e Amy. Bodas de Madeira. Como todos os anos, Amy costuma deixar pequenas charadas que Nick deve desvendar, estas pistas o levaram a um presente. Entretanto, ao chegar em casa, Nick descobre que Amy desapareceu. A investigação da detetive Rhonda (Kim Dickens) começa a tirar os esqueletos do armário, como brigas, traições e problemas financeiros.

Temos assim, Nick como o principal suspeito, enquanto Amy é descrita como perfeita, apenas o marido e a cunhada parecem discordar. Fincher conduz o suspense com a habilidade e técnica habituais, através do contraponto entre o que acontece com Nick, o que ele conta para os policiais ou para jornalistas, no presente e a narrativa do diário de Amy, muitas vezes, visões inteiramente contraditórias, expostas nos cortes ágeis, marca de Fincher.


Li muitos comentários elogiosos às atuações de Ben Affleck. Entretanto, embora correto, mais uma vez, ele não vai além o Affleck de sempre. Na primeira parte do filme, quando ainda há dúvidas sobre a índole de Nick, o jeito simplório que Affleck emprega, é útil, você fica imaginando se aquele sujeito é tão bobo quanto parece ou é um dissimulado, mas, isso se desfaz junto com a perda da ambiguidade inicial de seu personagem. 

Assim, quando Amy se revela, o filme passa a depender do talento de Rosamund Pike para compor essa sociopata extremamente calculista e vingativa, com desenvoltura e carisma. Aliás, o tom de voz de Rosamund, sempre calmo, sussurrante e seguro, é crucial e faz até a promessa “Eu nunca o machucaria” soar, na realidade, como uma ameaça.

A resolução do filme, sem recorrer a clichês, coloca esse casal disfuncional juntos novamente. Agora, com Nick sabendo exatamente do que Amy é capaz. Dessa forma, é quase como se os dois vivessem em uma espécie de relação sadomasoquista puramente emocional. 

Amy não aceita Nick do jeito que é, ela quer moldá-lo da forma que ela acredita estar a altura dela. Com isso, a narrativa do diário de Amy é bastante pertinente, pois, por mais que esteja cheio de mentiras sobre agressões e etc, há um fundo de verdade, quando ela fala da  decepção que o marido se tornou para ela, como se sentia enganada. 


Dessa maneira também vemos que o que tirava a paz de Nick não são as atitudes de Amy, mas saber que ele não consegue ser o homem que ela deseja. Assim, quando ela decide que ele é mesmo o homem de sua vida, ele inventa  desculpas, como não ter como provar todas as coisas que Amy fizera, para continuar com ela. A verdade é que Nick não pode deixá-la, independente do quão degradante seja esse relacionamento. Vemos, então, Nick posar de marido feliz, ao lado da exultante Amy, e é possível perceber que ele acaba gostando da situação.

Por fim, vale ressaltar  a excelente trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross, que têm trabalhado com o diretor desde a Rede Social (na verdade, antes, já que Fincher dirigiu vários videoclipes do Nine Inch Nails). Além disso, é uma ótima crítica à mídia e sua cobertura sensacionalista, que se preocupa mais com a audiência, do que em apurar fatos, seja na exposição do desaparecimento de Amy, elevada à perfeição pelos jornalistas, a crucificação de Nick, antes da conclusão das investigações, terminando como o casal perfeito, que supera todas as adversidades para ficar juntos.


Assine o feed

DRI TINOCO

Apaixonada por música, cinema e gatinhos. 

    Nenhum comentário

    Tecnologia do Blogger.