Review - Capitão Phillips (2013)
Capitão Phillips
Captain Phillips Direção: Paul GreengrassElenco: Tom Hanks, Barkhad Abdi, Barkhad Abdirahman, Faysal Ahmed, Catherine KeenerEUA, 2013.
Baseado no livro A Captain’s Duty: Somali Pirates, Navy SEALs, and Dangerous Days at Sea, escrito pelo real Richard Phillips, Capitão Phillips mostra os dramáticos momentos em que piratas somalis invadem o cargueiro Maersk Alabama, do qual era capitão.
Paul Greengrass (A Supremacia Bourne, O Ultimato Bourne, Zona Verde), mais uma vez, cria um thriller de ação muito eficiente, onde o tom é dado pelo contraponto entre o experiente Capitão, vivido por Tom Hanks, que busca manter a calma e contornar a situação, através das normas de segurança estabelecidas, e Muse (o estreante Barkhad Abdi ), o líder dos piratas, desorganizado, impulsivo e fascinado pelas riquezas norte-americanas.
O filme discute ainda se um criminoso o é por natureza ou por circunstância, entretanto sem tomar partido do lado norte-americano ou dos somalis. O interessante é que, por conta disso, já li comentários na internet dizendo que o filme ignora a miséria na Somália, situação para qual os países ricos, como os Estados Unidos contribui, explorando os recursos naturais da região. Por outro lado, há quem enxergue o oposto, afirmando que o filme tenta ser "politicamente correto" e culpa o ocidente pelos problemas da Somália e “vitimiza” os piratas. Nem uma coisa nem outra. Não há vilões nem heróis em Capitão Phillips. Ainda bem, maniqueísmo é algo que só empobreceria a narrativa.
A miséria somali não é ignorada, o filme é bastante preciso em mostrar o desproporcional embate entre os esquálidos piratas, mal alimentados, mal vestidos, contra os fuzileiros navais, cheios de recursos. Entretanto, em nenhum momento o filme afirma que dentro dessa miséria, o único jeito é se tornar um pirata. Em determinado momento, Phillips fala para Muse que “deve haver algo entre ser pirata ou pescador”. Ou seja, essas não podem ser as únicas opções.
Em Capitão Phillips, Greengrass optou por um elenco de desconhecidos, com exceção, claro, de Tom Hanks e Catherine Keener (que aparece rapidamente). Hanks brilha como o Capitão, em um misto de coragem e vulnerabilidade e, sinceramente, é uma injustiça não ter sido indicado ao Oscar deste ano. Só a cena final do filme, já valeria essa indicação. Já Barkhad Abdi, expressivo e intenso, concorre, merecidamente, na categoria de ator coadjuvante.
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